A construção da autoestima
A autoestima está associada à saúde e ao bem-estar
A autoestima pode ser entendida como a avaliação que o individuo faz em relação a si mesmo, expressando um conjunto de sentimentos e crenças acerca do próprio valor. O processo de construção da autoestima começa na infância; e as bases de sua formação estão fortemente ligadas à forma como a criança é recebida e cuidada pelas pessoas mais significativas do seu convívio.
Quando os pais interagem com seus filhos de forma positiva, estabelecendo, predominantemente, uma relação com demonstrações de amor, carinho e respeito, estarão contribuindo para o desenvolvimento da autoestima na criança, resultando em maiores níveis de adaptabilidade, desempenho, bem-estar, satisfação e na construção de vínculos afetivos mais consistentes.
O amor próprio é um fator decisivo para o nosso bem-estar físico e psíquico, pois, funciona como uma espécie de autoproteção, preservando-nos dos sofrimentos e riscos desnecessários, nos dando interesse e motivação pela vida e nos oferecendo uma maior capacidade de resistência e confiança para enfrentarmos as adversidades do dia a dia. Mas, quando o contexto familiar não proporciona um ambiente de proteção e afetividade, torna-se um fator de risco para a criança, que poderá desenvolver uma baixa autoestima, pois, experiências de rejeição e depreciações, sentidas pela criança ao longo do seu desenvolvimento, produzirão danos na formação de sua autoimagem, ou seja: a criança tenderá a ter uma visão negativa de si mesma, com sentimentos de menos valia, que limitarão suas possibilidades de realizações na vida.
Uma das consequências da baixa autoestima está na tendência da pessoa em repetir suas experiências de desvalorização sentidas no passado, colocando-se em situações desagradáveis e provocando, inconscientemente, atitudes negativas contra si mesma. Estas atitudes são confirmadas por suas escolhas ruins, quer seja na esfera pessoal, profissional ou afetiva. Este comportamento de autossabotagem pode persistir ao longo da vida, produzindo um estado de insatisfação e pessimismo que afeta diretamente a qualidade de vida e prazer de viver.
Estudos comprovam que pessoas com baixa autoestima estão mais propensas ao surgimento de transtornos psíquicos, como: síndrome do pânico, fobia social, maiores níveis de ansiedade, baixo rendimento acadêmico, depressão, isolamento social, dificuldades de relacionamento e bullying, entre outros. Além dos distúrbios de comportamento, também está comprovado que a baixa autoestima afeta diretamente a imunidade, o que pode acarretar o surgimento de várias doenças, devido ao desgaste emocional. Um estudo realizado pelo Centro Internacional para Saúde e Sociedade, de Londres, mostra que pessoas com baixa autoestima têm uma redução da atividade do sistema imunológico e, consequentemente, adquirem um maior risco de desenvolverem enfermidades.
Um quadro agudo de baixa autoestima não se resolve lançando mão de recursos externos: seja de procedimentos estéticos, cirúrgicos ou na fartura que as prateleiras dos shoppings oferecem. Certamente que estes recursos ajudam, mas não mudam a visão negativa de si mesmo, pois, o que está em jogo é o sentimento de valor pessoal, que determina a forma como nos sentimos.
Para que haja uma mudança em uma autoestima frágil e instável, será necessário um trabalho de análise,
voltado para a construção gradual e fortalecimento do autorrespeito, autoaceitação e autoconfiança.
Karla Bonturi
Psicóloga/Psicanalista
CRP 05/29485