A importância do limite na educação dos filhos
O processo de construção dos limites começa desde cedo.
Há algumas décadas, o modelo de educação era muito rígido e repressor: Bastava um olhar de reprovação do pai, para que a criança obedecesse: Época da obediência cega e do autoritarismo. Mas os tempos mudaram: Novas teorias sobre a educação e as transformações ocorridas em varias esferas, como a econômica, social, tecnológica e a ciência, entre outras, refletiram na organização familiar e contribuíram para a mudança na relação entre pais e filhos; e nas praticas educativas dos pais.
Hoje em dia, ainda que os pais tenham uma relação mais íntima e próxima com seus filhos, muitos pais encontram dificuldade para estabelecer limites. Esta ausência de limites implicará em sérias consequências para a criança e para as pessoas que a cercam; e, em um âmbito mais amplo, futuramente, para a sociedade.
Por motivos diversos, muitos pais não conseguem dizer "não" à criança e, com esta atitude, acabam concedendo liberdade para que ela ponha em prática seus impulsos, sem restrições ou limites. Aos poucos, estas vão percebendo que conseguem dominar e manipular seus pais, podendo torna-se tiranas: São aquelas crianças que desafiam os pais, os professores, e que, em casos mais extremos, amanhã poderão estar nos noticiários, porque agrediram o chefe, espancaram a mãe, bateram no pai, mataram a namorada, etc.
O processo de construção dos limites começa desde cedo; e são os pais, ou os responsáveis pela criança, que devem assumir o lugar de autoridade, na difícil tarefa de educar seus filhos. Autoridade é diferente de autoritarismo: A autoridade está na força da palavra que, quando falada com firmeza e tranquilidade, é capaz de interromper e proibir um comportamento destrutivo. Ocupar este lugar de autoridade não é uma tarefa simples, porque quando os pais aplicam a disciplina em seus filhos, a tendência das crianças é reagir com raiva e hostilidade e, então, para evitar este confronto, muitos pais adotam uma postura "permissiva" na educação dos seus filhos, deixando uma lacuna em sua formação, o que trará prejuízos para o desenvolvimento de uma consciência responsável e ética na criança.
Em seus primeiros anos de vida, a criança vive sob o domínio de seus impulsos, ou seja, busca a satisfação imediata de suas vontades, sem limites... Aos poucos, ao vivenciar as proibições e frustrações do dia a dia, a criança vai percebendo que não pode ter tudo, nem fazer tudo o que deseja; mas, isto não é o suficiente para que ela desenvolva uma conduta ética.
Mesmo que o filho apresente reações contrárias ao que os seus pais determinam, é preciso tolerar,
resistir à vontade de ceder e manter uma rotina diária na transmissão dos valores morais e éticos; e
no estabelecimento de regras e limites. A persistência em disciplinar a criança é o que possibilitará
a internalização dos limites.
Karla Bonturi
Psicóloga/Psicanalista
CRP 05/29485