Pais superprotetores
Os pais devem encontrar um equilíbrio na educação dos seus filhos.
Os sinais da “superproteção” estão nos exageros na conduta dos pais para com seus filhos. Na ânsia de protegê-los de todos os riscos e perigos a sua volta e evitar que os filhos sofram, se decepcionem ou que sejam frustrados, estes pais acabam ultrapassando os limites da proteção saudável, contribuindo para a formação de uma personalidade frágil e dependente.
É muito comum encontrarmos exemplos de pais que se excedem nos limites dos cuidados e da proteção, tratando seus filhos, mesmo depois de crescidos, como se fossem “bebezinhos”, os reizinhos da casa, que, ao menor sinal de choro ou insatisfação, prontamente os pais correm para satisfazer suas vontades e caprichos, evitando, desta forma, que as crianças entrem em contato com a frustração, que tem uma função muito importante na formação da personalidade da criança, pois, a frustração desenvolve a capacidade emocional para lidar com os conflitos, desafios e desconfortos da vida, de maneira mais resistente.
Outra característica da “superproteção” é identificada quando os pais proíbem seus filhos de fazerem passeios escolares, brincarem no parque ou praticarem esportes, alegando medo dos filhos se machucarem, se perderem ou de acontecer algum mal com eles. Esta atitude dificulta que o filho interaja com os coleguinhas e desenvolva suas habilidades sociais e, ao mesmo tempo, transmite para o filho a mensagem de que o mundo é perigoso e que qualquer mal pode lhe acontecer, causando, com isso, dependência e insegurança na criança que, consequentemente, tenderá se sentir segura somente com a presença dos pais por perto.
É comum também os pais assumirem as tarefas, que a criança e o adolescente já teriam condições de realizar por si mesmos, como: se alimentar, escolher as roupas que vão usar, tomar banho sozinho, fazer seus deveres escolares, etc. Os pais chegam ao ponto de interferir nas escolhas, desejos, preferências, cursos e até a profissão dos filhos, o que prejudica o amadurecimento e o desenvolvimento da autonomia da criança.
Desde cedo, os pais devem orientar, incentivar e permitir que seus filhos realizem suas tarefas sozinhos, de acordo com as suas possibilidades e respectiva faixa etária. Desta forma, estarão estimulando o desenvolvimento da autonomia e independência. É fundamental, que a criança entre em contato com experiências, como: cair e levantar; errar, falhar e acertar; perder e ganhar; se decepcionar e se frustrar, porque será vivenciando situações com emoções positivas e outras negativas, que a criança terá a oportunidade de desenvolver suas habilidades, recursos e estratégias emocionais, que lhes serão necessárias para enfrentar o mundo.
Os pais devem encontrar um equilíbrio entre os cuidados e os exageros na educação dos seus filhos. É muito importante que os pais deem muito amor, carinho e atenção aos seus filhos, mas, tão importante quanto isto, é incentivá-los a enfrentar suas dificuldades e desafios, para que eles possam aprender com as suas experiências e desenvolvam autonomia e autoconfiança: recursos imprescindíveis para que se tornem adultos independentes e capazes de cuidarem de si próprios.
A função dos pais é educar e cuidar dos seus filhos e prepara-los para a vida. Para tanto,
os pais precisam ter consciência de que sua constante supervisão terá de ser gradualmente
reduzida, à medida que seus filhos crescem e se tornam independentes.
Karla Bonturi
Psicóloga/Psicanalista
CRP 05/29485