A Função da Terapia
A terapia consiste em um poderoso apoio emocional.
Muitas pessoas se queixam de não conseguirem mudar determinados comportamentos que causam sofrimento e prejuízos em suas vidas. Diante de tal constatação, é comum dizerem que usam toda a sua força de vontade para eliminar suas dificuldades, mas, acabam se sentindo impotentes frente a uma força que as impele a repetir, interminavelmente, o comportamento que lhes causa o mal-estar. Um exemplo comum são as compulsões por: comida, bebida, compras, vícios, internet, etc.
A terapia é indicada para pessoas que estão sofrendo e que sozinhas não conseguem encontrar a solução para suas questões. São pessoas que, apesar de usarem todo seu esforço para conseguir superar tais atos autodestrutivos, acabam sendo vencidos pela repetição de suas ações, resultando em uma sensação de fracasso e desânimo diante de diversas tentativas.
Podemos pensar também que o mal-estar pode apresentar-se sob a forma de outras patologias,
como a síndrome do pânico, a depressão, fobias, anorexia, bulimia, problemas de
relacionamento, problemas de aprendizagem, etc.
Estes são sintomas que agem sobre a
pessoa, com toda a sua carga de emoções perturbadoras e que são desencadeadas à
revelia do sujeito. O que fazer com estes sintomas que são um enigma e que a própria
razão não consegue explicar? A terapia é um recurso valioso que pode te ajudar, mas algumas pessoas tem uma ideia
equivocada de como ela funciona. Hoje em dia, ainda é muito comum algumas pessoas
acreditarem que o terapeuta vai lhes aconselhar ou prescrever "receitas mágicas" e que,
então, estarão curadas dos seus problemas.
Muitas coisas estão em jogo na vida da pessoa, para ser tão simples assim. Nosso psiquismo é muito complexo e, para ser estruturado, depende de uma série de fatores que passa pelo contexto familiar, a qualidade da relação com os primeiros objetos de amor (pais ou substitutos), o lugar que a criança ocupa no desejo dos pais (se é desejado ou rejeitado), se o ambiente familiar foi predominante hostil ou acolhedor, a leitura que a criança vai fazer da sua relação com seus pais, suas vivencias infantis, etc. Esses são alguns dos elementos que contribuem para estruturação ou desestruturação da nossa subjetividade. Enfim, os sintomas pelos quais nos queixamos, estão estreitamente ligados as nossas vivencias infantis ou seja , desde os primórdios do nosso desenvolvimento e também a fatores inconscientes, aos quais não temos acesso e que determinam nossas emoções e nosso comportamento. Certamente, não é possível analisar aprofundadamente nosso psiquismo em algumas sessões e ficar curado.
A terapia não é um aconselhamento, não se vale de sugestões ou prescrições de medicamentos. A viabilidade da terapia se dá a partir do momento em que a pessoa reconhece que algo nela não está indo bem e deseja entender o que está causando o seu sofrimento. Esta é a premissa básica para iniciar o processo terapêutico.
Ao falar de suas questões com o terapeuta, isto, por si só, já trará ao paciente um alívio momentâneo do seu mal-estar, mas, não resolverá o problema em si. A terapia propõe algo que vai para além de um mero desabafo. Ela consiste em um valioso apoio emocional, promovendo profundas transformações psíquicas, com resultados efetivos e duradouros para o paciente. Mas, para que ocorram as mudanças desejadas, se faz necessário sair da zona de conforto e dependerá, fundamentalmente, do empenho e comprometimento do paciente; e para isto não existem atalhos.
A terapia possibilita a pessoa expressar suas dificuldades, dúvidas,
conflitos e demais questões. Assim, ao falar de suas emoções, gradualmente o paciente
poderá ressignificar seus sentimentos e superar suas dificuldades, ficando menos dominado e
submisso pela "força" dos seus sintomas.
Desta forma, o paciente poderá mudar seus padrões de comportamento insatisfatórios e
atingir seus objetivos, de modo a obter maior bem-estar e qualidade de vida.
Karla Bonturi
Psicóloga/Psicanalista
CRP 05/29485